MODERNIDADE 1961
1-3- habermas-1-ls> terça-feira, 24 de Dezembro de 2002-scan – errâncias ac da razão
DESPERDÍCIOS FILOSÓFICOS - PARA QUE SERVE A MODERNIDADE? (*)
(*) Este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas e meia, foi publicado, com grande escândalo do próprio, em «Livros na Mão», «A Capital», 26-3-1991
[26-3-1991, in «A Capital»] - Um pouco mais de azul e o «Discurso Filosófico da Modernidade, de Jurgen Habermas (1), seria asa. Se explicar fosse, para ele, como era, por exemplo, para os filósofos taoístas, simplificar em vez de complicar, quem sabe se não íamos todos para a cama mais cedo e com a digestão mais bem feita Se a modernidade não melhora sequer o metabolismo, para que serve a modernidade?
Um pouco menos de complicação técnica e o ensaio que Habermas dedica a Georges Bataille, nomeadamente ao livro deste, A Parte Maldita, verdadeiro manifesto contra a cultura ocidental e seu fraco poder de encaixe, constituiria o abrir de uma porta possível no muro de Berlim que ele teima em designar por modernidade. Se modernidade é (fosse) alcançar o essencial em detrimento do acessório, então Habermas estaria próximo de uma definição ideal quando analisa Bataille, no capítulo desta obra intitulado «Entre Erotismo e Economia Geral».
Economia., com efeito, era a palavra que continuava a faltar em todos os discursos sobre a modernidade: segundo o filósofo de Frankfurt, a explicação antropológica que Bataille faz do «heterogéneo enquanto parte maldita» rompe com «todas as figuras dialécticas do pensamento», o que, segundo ele, suscitaria uma questão: saber como é que Bataille pretende explicar a passagem revolucionária de uma sociedade enregelada e completamente reificada para uma renovação da soberania.»
Segundo escreve, logo a seguir, «o projecto de uma economia geral alargada até à economia energética da natureza no seu conjunto, pode ser entendido como uma resposta a esta questão. Resposta que - digo eu - vinha a ser largamente dada por todas as correntes posteriores ao surrealismo e ao existencialismo, correntes que, da antropologia estrutural à análise energética, colocaram no centro da questão a dialéctica homem/natureza, ou, em termos tradicionais, microcosmo/macrocosmo.
DESPERDÍCIOS FILOSÓFICOS - PARA QUE SERVE A MODERNIDADE? (*)
(*) Este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas e meia, foi publicado, com grande escândalo do próprio, em «Livros na Mão», «A Capital», 26-3-1991
[26-3-1991, in «A Capital»] - Um pouco mais de azul e o «Discurso Filosófico da Modernidade, de Jurgen Habermas (1), seria asa. Se explicar fosse, para ele, como era, por exemplo, para os filósofos taoístas, simplificar em vez de complicar, quem sabe se não íamos todos para a cama mais cedo e com a digestão mais bem feita Se a modernidade não melhora sequer o metabolismo, para que serve a modernidade?
Um pouco menos de complicação técnica e o ensaio que Habermas dedica a Georges Bataille, nomeadamente ao livro deste, A Parte Maldita, verdadeiro manifesto contra a cultura ocidental e seu fraco poder de encaixe, constituiria o abrir de uma porta possível no muro de Berlim que ele teima em designar por modernidade. Se modernidade é (fosse) alcançar o essencial em detrimento do acessório, então Habermas estaria próximo de uma definição ideal quando analisa Bataille, no capítulo desta obra intitulado «Entre Erotismo e Economia Geral».
Economia., com efeito, era a palavra que continuava a faltar em todos os discursos sobre a modernidade: segundo o filósofo de Frankfurt, a explicação antropológica que Bataille faz do «heterogéneo enquanto parte maldita» rompe com «todas as figuras dialécticas do pensamento», o que, segundo ele, suscitaria uma questão: saber como é que Bataille pretende explicar a passagem revolucionária de uma sociedade enregelada e completamente reificada para uma renovação da soberania.»
Segundo escreve, logo a seguir, «o projecto de uma economia geral alargada até à economia energética da natureza no seu conjunto, pode ser entendido como uma resposta a esta questão. Resposta que - digo eu - vinha a ser largamente dada por todas as correntes posteriores ao surrealismo e ao existencialismo, correntes que, da antropologia estrutural à análise energética, colocaram no centro da questão a dialéctica homem/natureza, ou, em termos tradicionais, microcosmo/macrocosmo.
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