BIGBANG ARCHIVES

***** OS MELHORES TEXTOS - CLÁSSICOS DO SÉCULO XXI - NOVO PARADIGMA - A TESE PÓSTUMA - ESPÓLIO DO GATO(CATÁLOGO)*****

Saturday, March 24, 2007

BREVIÁRIOS 1991

1-1- tabus1

O REALISMO ECOLÓGICO DEFINE-SE FACE A OUTRAS CORRENTES DO AMBIENTE

26/3/1991 - As questões difíceis, impopulares ou tabu, os problemas que ninguém põe, com medo do sistema , à esquerda e à direita, a leste e a oeste, as teses de investigação incómodas que ninguém se atreve a formular porque vão contra a ordem estabelecida e os interesses criados, aí é o campo do realismo ecológico.
O realismo ecológico pouco tem a ver, portanto, com as questões postas por conservacionistas, ambientologistas, mesologistas, políticos do ambiente, engenheiros do ambiente, ecotecnocratas, enfim, por moderados, reformistas e oportunistas do ambiente, que não pretendem mudar o sistema (que vive de ir matando os ecossistemas) mas ganhar dinheiro com a poluição que o sistema segrega como o pilrito dá pilriteiros.
Se a ecologia lida estruturalmente com os ecossistemas, ela põe e terá de pôr em causa, sob pena de negar o nome , o sistema que estruturalmente e sistematicamente destroi os ecossistemas.
Este é o pressuposto fundamental inamovível de um realismo ecológico que proponha demarcar-se das contrafacções aparecidas em nome da ecologia, quando pouco ou nada, vistas bem as coisas, tem a ver com ela.

PERIGO 1991

1-1 - 91-03-26-ah> ecologia humana - quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2003-novo word - silenc> manifesto político pelos ecodireitos do cidadão> -1897 caracteres

O DIREITO À SAÚDE NO CÓDIGO PENAL

26-3-1991

Os «crimes de perigo comum» previstos no novo Código Penal relacionam-se com a segurança quotidiana do cidadão, podendo o consumidor escudar-se com este texto legislativo fundamental que eventualmente o poderá defender, se entretanto não for esquecido e silenciado como tudo o que aponta para algum progresso a nossa democracia.
Especificando esses «crimes de perigo comum» em duas secções --a) incêndios, explosões, radiações e outros crimes de perigo comum; b) dos crimes contra a saúde -- o Código Penal de 1982 integrou na legislação portuguesa conceitos e factores que, inesperadamente, respeitam à «qualidade de vida» - tema que ainda há três décadas era novidade, passou a moda nos anos setenta/oitenta e agora, à porta do Mercado Único, são pura e simplesmente ignorados. Silenciados.
Considerado assim bastante «evoluído» no contexto jurídico europeu - por integrar conceitos e factores já com algumas décadas de história - o «Código Penal» (publicado no Diário da República, I série, em 23 de Setembro de 1982) anda ainda a ser estudado pelos técnicos da eurocracia, não tendo chegado à opinião pública naqueles capítulos e parágrafos que mais directamente a podiam interessar, na medida em que mexem com a nossa integridade física imediata.
De facto, o «Código Penal» é um dos textos jurídicos portugueses em que os direitos do cidadão foram minimamente lembrados. Significativo é que nove anos depois da sua publicação oficial, ninguém se lembre disso.
[Por conter matéria mais relacionada com os temas desta manifesto - os direitos ecológicos do cidadão - transcrevemos os artigos referentes à secção II do já referido capítulo III - «Dos crimes de Perigo Comum». São os artigos 269, 270, 271, 272, 273, 274, 275, 276, guardados em fotocópia s.s. anexos ao computador]
***

CAPOEIRA 1981

1-2- os silêncios
EUCALIPTO HOJE, DESERTO AMANHÃ
O IMBRÓGLIO CELULÓSICO-FLORESTAL

  2-7-1976

 -A pirotragédia em 1981 (alusões contra Ribeiro Teles)
-Arboricídio
-Eucaliptomania
-Secas e torrentes
-Incêndios e pirómanos
-«Eucaliptos: a fome que se planta e cresce depressa»
-Fogos 1979 - Pirómanos somos nós todos, culpados dos incêndios são os ecologistas

LEGENDAS PARA FOTOS DE REPORTAGENS QUE FICARAM INÉDITAS

-Cultura extreme e monolítica, o eucalipto prefigura nas grandes massas de plantação o futuro (próximo) deserto
-A verdade é que para alimentar os vários centros de produção celulósica (pasta de papel) a Portucel precisa de cada vez mais eucaliptos: são sempre poucos para as necessidades que a exportação da pasta impõe. Mas a factura ecológica serão as futuras gerações a pagá-la
-Outras espécies de árvores, só muito longe da serra conseguem desenvolver-se
-Com a falta de comida por toda a serra, os gaios, perdizes, lebres e coelhos que ainda vivem, caem em cima de qualquer hortejo que ainda teime em vicejar e dizimam-no
-Todas as formas de vida fogem dos eucaliptos. E na serra d'Ossa foram plantados «apenas» 11 milhões
-O convento dos monges paulistanos testemunha, na Serra de Ossa, uma das presenças humanas que ali deixaram marca mais prolongada e original

ONTEM A FLORESTA, AMANHÃ O DESERTO: E HOJE?

-Enquanto a floresta recua, o deserto avança
-Bacia do Mondego, Nordeste Transmontano e Serra Algarvia: astrês zonas mais erosionadas do País, tradicionalmente
-Árvores de protecção mais ameaçadas em Portugal. azinheira e sobreiro
-Glória e morte da Oliveira
-Depois dos incêndios, os eucaliptos; de ano para ano, o pinheiro recua enquanto o euclipto alastra;
-Nos bastidores dos incêndios
-A floresta na conservação do solo e da água: um importante livro dop Prof Gomes Guerreiro
-AA Azevedo Gomes, outro silvicultor que importa entrevistar sobre planeamento florestal
-Dois hectares de xisto transformados em jardim; entrevista com o pequeno agricultor Francisco Sampedro, de Velada (Nisa)
-Pinhais de Barcouço: a primeira cooperativa de pequenos agricultores

SERRA DE OSSA:POLARIZAR A LUTA

No campo das conjecturas, admite-se que outro foco de contestação popular possa nascer, convergente da luta contra as celuloses

MODERNIDADE 1961

1-3- habermas-1-ls> terça-feira, 24 de Dezembro de 2002-scan – errâncias ac da razão

DESPERDÍCIOS FILOSÓFICOS - PARA QUE SERVE A MODERNIDADE? (*)

(*) Este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas e meia, foi publicado, com grande escândalo do próprio, em «Livros na Mão», «A Capital», 26-3-1991


[26-3-1991, in «A Capital»] - Um pouco mais de azul e o «Discurso Filosófico da Modernidade, de Jurgen Habermas (1), seria asa. Se explicar fosse, para ele, como era, por exemplo, para os filósofos taoístas, simplificar em vez de complicar, quem sabe se não íamos todos para a cama mais cedo e com a digestão mais bem feita Se a modernidade não melhora sequer o metabolismo, para que serve a modernidade?

Um pouco menos de complicação técnica e o ensaio que Habermas dedica a Georges Bataille, nomeadamente ao livro deste, A Parte Maldita, verdadeiro manifesto contra a cultura ocidental e seu fraco poder de encaixe, constituiria o abrir de uma porta possível no muro de Berlim que ele teima em designar por modernidade. Se modernidade é (fosse) alcançar o essencial em detrimento do acessório, então Habermas estaria próximo de uma definição ideal quando analisa Bataille, no capítulo desta obra intitulado «Entre Erotismo e Economia Geral».

Economia., com efeito, era a palavra que continuava a faltar em todos os discursos sobre a modernidade: segundo o filósofo de Frankfurt, a explicação antropológica que Bataille faz do «heterogéneo enquanto parte maldita» rompe com «todas as figuras dialécticas do pensamento», o que, segundo ele, suscitaria uma questão: saber como é que Bataille pretende explicar a passagem revolucionária de uma sociedade enregelada e completamente reificada para uma renovação da soberania.»
Segundo escreve, logo a seguir, «o projecto de uma economia geral alargada até à economia energética da natureza no seu conjunto, pode ser entendido como uma resposta a esta questão. Resposta que - digo eu - vinha a ser largamente dada por todas as correntes posteriores ao surrealismo e ao existencialismo, correntes que, da antropologia estrutural à análise energética, colocaram no centro da questão a dialéctica homem/natureza, ou, em termos tradicionais, microcosmo/macrocosmo.

AUTOBIOGRAFIA 1960

1-4-60-03-26-sa> selecção autobiográfica ac - o livro do desassossego em reedição – errâncias ac da razão

IDES A TEMPO?

Lucidamente procuro a companhia dos loucos e das crianças, dos magos e primitivos, dos poetas e imaginativos.

Ferreira do Alentejo, 26 de Março de 1960

As poucas horas que me restam são para fechar portas, olhos e ouvidos, calar-me, calar a lembrança de todas as mentiras, fechar e rasgar os livros. Não durmo, não penso, não bole uma folha no mais íntimo de mim. Quietude.

Porque eu caí na armadilha da vossa “felicidade a longo prazo’. Para se distinguir do animal, ente do in-mediato, o ente humano criou a cultura ou mediateidade. Caí também na armadilha da cultura, na esparrela, na curva diabólica e parabólica que nunca mais retorna à origem, ao núcleo. O ente humano é superior ao ente irracional...

Exilastes o sagrado, ficou o osso do profano. Exterminastes o sobrenatural, deixastes o natural. Mas soubestes vós, substituir o que exterminastes? Construir o que destruístes?

Felicidade para depois de amanhã? E eu, vou aceitar a vos­sa felicidade, felicidade que talhastes para mim com forma de mortalha? E quando, para quando é essa felicidade? Mudos deuses os do vosso Olimpo, parca dialéctica a das vossa parcas, silenciosa a vossa sofistica, agora que formulo perguntas.

Pois bem: vou formulá-las a outros oráculos. Aos oráculos de Delfos, às pitonisas, aos magos da Média, às lendas celtas e escandinavas, aos vedas do Industão, aos médiuns espíritas, aos criadores de religiões, a Zoroastro e a Prometeu, a Orfeu e Apolo, à escrita ideográfica dos aztecas, a Buda e a Confúcio, a Hermes e a Paracelso, a Homero e a Gandhi, aos taumaturgos e profetas, a Kardec e a Papus, a Strindberg e a Jarrv, enfim, aos animais, aos irracionais, aos gafados da inteligência, ao refugo da sociedade ocidental, culta e civilizada, metafísica e industrial, dolarizada e militarizada até aos dentes.

Aos animais, aos tais do imediato, os que não se socorrem dos medianeiros, sacerdotes laicos da nossa civilização, cada um com sua receita para a maleita de cada um. Aqueles que por si só encontraram a ponta principal ou primordial da meada, os que não andaram à procura dela, através dos templos e sinagogas da sabedoria (escolas, liceus, universidades).

Sim, sou o que procurou os da cultura livre, religiosamente livres na floresta de enganos da vossa cultura, fossilizada, morta, inerte, cristalizada, hipócrita. Não sei se vedes, é simples a minha des­coberta, uma lapalissiana descoberta, mas deixem-me, com a minha ignorância e os meus ignorantes, com as lendas do meu povo e dos povos do mundo, com as superstições, com todos os sinais da sua animalidade, do seu primitivismo, da imediateidade com o sobrenatural.
Prefiro estes supersticiosos às vossas superstições, quero entender-me com os sacerdotes do sobrenatural e não com os bispos, papas , imperadores do natural. Quero a minha reviravolta em vez das voltas macabras da vossa danação. Agora que já nada tenho a dar nem a receber do grande processo do progresso racionalista, vou voltar-me do avesso a ver se me vejo, a tempo, a ver se me encontro, se fico face a face com a realidade, sem a interposição das vossas metafísicas, sem a intermediação dos vossos metafísicos.

Não vivo por procuração. E comer da vossa cultura é comer por procuração.

Vou reconstituir o vosso puzzlle. Vede, vou converter-me. Autodidacta, ocioso, desempregado, burguês, individualista, reaccionário, - só podia dar nisto, em “convertido» Vós, os metafísicos, ireis dizer que me converti. Mas sabeis vós ao que me converti, depois de conhecer as vossas metafísicas, as vossas mística sociais e “espirituais”, as vossas religiões de Estado e religiões de Igreja, as vos­sas superstições de civilizados, sabeis vós ao que me converti? Sabeis vós?

No meio dos vossos ídolos, deuses, dos vossos Mussolini e dos vossos Péron, dos vossos seminários e das vossas sofias, dos vossos deuses-sputniks, dos vossos deuses-canhões, dos vossos deuses-armas atómicas, dos vossos deuses-socialismo, das vossas ismo-manias, da vossa cambolhada de deuses e deusas, ídolos e sub-ídolos, do vosso sobrenatural de lata, do vosso metafísico do físico, sabei que me converti.

E sei eu que me ides, a mim, chamar metafísico, retrógrado, adorador do sobrenatural, eu, que me estou nas tintas para as vossas metafísicas e men­tiras, deuses e deusas, porque - reparai - só o animal inteligente que sois todos precisa de mediadores - eu, animal imediato não preciso de mediações. Por isso não necessito dos deuses que a vossa cultura inventou, está inventando e continuará a inventar, enquanto for cultura e vós homens cultos.

Sabei, pois, de uma vez por todas, que me não converti a nenhuma religião, a nenhuma ideologia-deus, a nenhum Marx-deus, a nenhum sptunik-deus, a nenhuma confissão religiosa, a nenhuma tenda política, a nenhum asilo ideológico, a nenhum hospício de alienados, a nenhuma cela conventual, a nenhuma cabala mágica, a nenhuma ciência oculta, a nenhuma das vossas semi-soluções. Sabei que não fui um “espírito fraco” submetido à religião. Grito e repito que místicos sereis vós, mais as vossas mentiras científicas, técnicas, políticas. Fui apenas um mamífero na escala zoológica e um mamífero não tem ideologia, metafísica ou religião. Converti-me a mamífero, eis tudo.

Não sou nenhum espírito fraco a quem, perto da morte, consola ouvir falar na imortalidade da alma. Quero é denunciar a vossa comédia, a vossa farsa. Da imortalidade da alma, percebem os poetas, não percebeis vós, cépticos gnósticos e agnósticos de crendices.

Olhai, senhores da razão, autores de romances realistas sem ficção nenhuma, sem invenção nem imaginação, sem magia primitiva, sem mentalidade pré-lógica, olhai, lógicos de todas as lógicas, da formal à matemática, da lógica à logís­tica, e da logística à lógica poética ou simbólica (também os há, venerandos), olhai, promotores da felicidade universal, educadores e teóricos da juventu­de, donos dos filhos dos outros que começais por moldar e desistis a meio, olhai, profetas da esperança individual formulada por cada um de vós e deter­minada objectiva para todos os tempos e lugares, raças e línguas, idades e situações, olhai, experimentalistas, positivistas, espíritos rigorosos e su­btis, autores de todos os livros e de toda a sapiência e de toda a sabedoria, autores de toda a civilização e de toda a cultura exotérica, vulgarizadores, cérebros prodigiosos e infalíveis, papas de mil e uma religiões, olhai: eu admirei-vos, estudei os vossos livros (v. Espaço Mortal), ceguei com as vossas doutrinas, empapei-me das vossas ideologias, teologias, tautologias, abismei-me nos vossos segredos, mas hoje sinto-me ignorante e incapaz perante o que li, vi, conheci. Mais perplexo do que no princípio, desconfio. Cépticos e niilistas nada há comparado a esta inutilidade a que me conduzistes. Porquê? Insuficiência minha? Insuficiência estrutural da espécie a que per­tencemos, eu e vós? Insuficiência vossa?
Não sei nem interessa. Vejo-me sem interesse e vejo-vos sem interes­se. Apenas a dúvida ficou. Não quero, não posso, não sei, não devo acreditar.

Se mergulho nas teosofias e ocultismos, nas práticas mágicas, nas ideias não cartesianas, nos obscurantismos e hermetismos, não me considero por isso fútil ou charlatão. Charlatães me parecem vós, em quem acreditei e que apenas me deixastes de herança a descrença.

É lúcido que vou para a não lucidez, que prefiro a não lucidez. Lucidamente procuro a companhia dos loucos e das crianças, dos magos e primitivos, dos poetas e imaginativos.
Sim, porque foi a imaginação o que vós me roubastes. (Tarde talvez para a reconquistar. Mas tentarei.). A imaginação que permite reconstruir-me a partir do caos. Não quero doutrina de ninguém nem a minha. Quero apenas solucionar-me, aquilo de que nunca cuidastes, vós que propusestes soluções universais para toda a gente. E ninguém se sentiu solucionado por vós.

Dispenso o património cultural, o pedregulho de Sísifo que me esmaga. Não quero aceitar nem fundar mais sistemas, filosofemas, teoremas, aldrabisses. Depois de tanto saberdes da natureza física, de tanto prometerdes ao homem, nada sei de mim, nada os outros sabem de si de cada um de si. Quem decide do meu destino concreto? Eu, apenas eu. Porque me ludibriastes? Porque me ”deseducastes”, porque me prometestes a lua?

A órbita da técnica científica continua a caminhar para o infinito e os iludidos “magos’ da época prometendo a “felicidade” para daí a dias. Calai-vos, que mentis. Exausto e vazio, sei que estou aquém de mim e de todo o progresso que vai para além de mim. Pensastes em dominar a natureza mas a natureza agora revolta-se também, o feitiço volta-se contra o feiticeiro e promete-se, em vez da felicidade, o fim, o suicídio colectivo da espécie. Sabei que suicídio só me interessa o meu, o que cometer às minhas próprias mãos. Não admito a última das indignidades: morrer às mãos dos vossos engenhos diabólicos. Antes a morte que tal sorte. Parece que é tarde para todos. Mas para vós, os iludidos e os que teimais em iludir-nos, mais tarde ainda. A ciência também vos não resolveu. Apenas o barulho dos astros vos distraiu, vos embriagou - para não pensardes no que interessava.

Não importa que o caminho seja errado, tão errado como o que seguia atrás de vós. Mas procurá-lo-ei nas criações oníricas e de vigília da criança, do poeta, do louco e nevrótico, do primitivo e do místico. Eu próprio tentarei reconstituir em mim esses estados, ainda que pague com eles a vida, a vida que afinal entreguei, na sua melhor parte, à vossa voracidade, donos e senhores da minha juventude.

Repito: não sou charlatão, sei que por onde vou e sei porque vou. Conheço o descrédito em que a vossa ciência colocou as ciências ocultas e espíritas, a imaginação e o maravilhoso, as lendas e o fantástico. Por isso mesmo me seduzem, porque vós os desacreditastes, sinal certo da sua valia. Vós próprios já tentais devassar os domínios onde a vossa razão se reacredite e ‘amplie’. Elástica, a vossa razão. (Eu próprio estou a usá-la, não me esqueço nem vós o esqueceis). Pois que seja, que se vire contra si própria, que se meça, que pratique o acto de contrição.

Eu sei que vós ides também proceder a uma ‘revisão”, com vossos óculos prospectivos, do ocultismo, da magia, da cabala, da mitologia e do misticismo. Ao menos, sabeis que por aí ides às ciências humanas. Finalmente, chegastes ao limiar das vossas promessas irrealizadas. E agora é que é - dizeis. Esperai só mais uns aninhos e dar-vos-emos o sistema educativo acabadinho que substitua com vantagem o yoga, ginástica e técnica elementar, simples, axiomática pronta a resolver a inquietação do homem. Só agora reconhecestes que a civilização não fez mais do que barbarizar-nos. Ides a tempo?♥

Friday, March 23, 2007

ORTOMOLECULAR 2007

1-4-esquizo1- sexta-feira, 23 de Março de 2007

O QUE A CIÊNCIA DIZ SABER

Do pouco que a  ciência médica diz saber sobre aquilo a que chama «esquizofrenia» - um sindroma mais do que uma doença - anotamos alguns apontamentos que poderão ser mais relevantes para a visão ortomolecular do mesmo problema.
Os sucessivos fracassos que a ciência médica vai averbando com a sua lógica sintomatológica aplicada a problemas que só podem ter uma explicação energética global, torna mais urgente do que nunca que uma visão e análise vibratória do problema.
Se a esquizofrenia - como tantas outras doenças ditas psíquicas ou mentais - é fundamentalmente uma questão de frequência vibratória e, portanto, uma questão de fundo molecular, é por este caminho que a investigação terá que progredir, em vez de mastigar em seco e de esgravatar no fundo sem encontrar nada.

ø Atribuir as doenças a distúrbios genéticos é uma moda recente do discurso médico, veiculado por revistas famosas como a «Nature», mas que nada tem a ver com a verdadeira lógica ortomolecular.
A «origem genética da esquizofrenia» pode ser, assim, uma descoberta que nada explica exactamente porque, num certo sentido, toda a doença é genética. Toda a doença é hereditária. Toda a doença ocasiona ou é ocasionada por um distúrbio da informação intermolecular.

ø Segundo a revista britânica «Nature», após exames exaustivos da árvore genealógica de duas famílias com alto nível de incidência da doença nos seus membros, indicou-se como possível causa de pelo menos um dos tipos de esquizofrenia, a presença de um gene ou grupo de genes defeituosos no cromossoma cinco.
Outro estudo, de investigadores da Universidade de British Columbia, mostrou a associação de dois casos de esquizofrenia com uma duplicação anormal de uma porção do cromossoma cinco.

ø Conforme informava a revista científica internacional «Lancet», em Julho de 1987, médicos belgas abrem uma nova pista na luta contra o gene responsável pela depressão.
O prof Julien Mendlewicz e a sua equipa de clínicos psiquiátricos de Albrecht, divulgaram os resultados de um inquérito efectuado ao longo de 3 anos. Para eles, o fundamento da doença psicológica encontra-se no cromossoma sexual X. Eles conseguem mesmo situar o gene culpado: situa-se perto dos genes responsáveis pela hemofilia.

Afirmam outros que a maníaco-depressão é uma doença hereditária (todas as doenças, até ver, são hereditárias...).
Investigadores norte-americanos pretendem ter demonstrado que no Amish, uma seita do estado da Pensilvania, onde se vive à semelhança do século XVII, a depressão entre parentes transmite-se através do cromossoma II.

A ciência costuma sempre, nestes casos, afirmar que «é apenas uma etapa» e que «resta ainda muito trabalho a fazer».
É preciso, por exemplo, isolar o gene suspeito, analisá-lo e descobrir a substância, cujo fabrico ele comanda.
Segundo o Pr. Mendlewicz, esse gene «poderia produzir uma enzima, a monoaminoxidase, produto que intervém na degradação dos neurotransmissores. Essas substâncias veiculam as mensagens entre duas células nervosas».

Por seu lado, os médicos norte-americanos, pensam que o gene dos Amish deverá intervir, ao contrário, na síntese dos neurotransmissores.

Americanos e holandeses continuam empenhados em não ligar as mensagens que vão produzindo. É a própria ciência médica que se patenteia nesta corrente organicista: falam de factores decisivos, à luz da lógica ortomolecular, como é a substância que veicula as mensagens entre duas células nervosas: mas todo o problema em todas as doenças é esse, o da intercomunicação celular.

E se a comunicação intercelular se faz pelos metais presentes na heterocromatina constitutiva como demonstrou Etienne Guillé, quem precisa mesmo de se curar da sua esquizofrenia crónica são os eminentes especialistas em psiquiatria.

ø A tese da origem genética da esquizofrenia apresenta-se assim como uma tentativa mais, a juntar a tantas outras, de diagnosticar e tratar uma doença, sobre a qual a conclusão é sempre a mesma: a investigação, recente e mais antiga, organicista ou psico-social, não oferece possibilidade imediata de diagnóstico e tratamento.
Genericamente, a esquizofrenia continua a ser considerada pelos especialistas um conjunto de doenças que produzem sintomas parecidos. E pouco mais. A psiquiatria tem que se disgnosticar a si mesma.


ø Nos hospitais psiquiátricos dos EUA, um admitido em cada cinco é esquizofrénico. Estes números foram revelados em Janeiro de 1968. Os doentes formam sessenta por cento dos internados.
Mas também para os especialistas norte-americanos, a origem e tratamento desta doença mental são desconhecidos.
Caracterizando-se pela incapacidade de adaptação, o esquizofrénico é geralmente tímido, medroso, desconfiado e insatisfeito. Reservado e asocial, procura muitas vezes na leitura um substituto para as relações humanas que se recusa a ter. Algumas vezes, despersonaliza-se e torna-se observador dos seus próprios gestos e reacções.

ø Falando da sintomatologia, é de notar que os alucinogénicos como a mescalina, provocam no homem sintomas análogos à esquizofrenia. A urina dos esquizofrénicos contém uma substância aparentada da mescalina, sendo os dois produtos derivados da adrenalina segregada pelo organismo.
Chegou a ser considerada - mas logo abandonada - a hipótese de que a esquizofrenia seria devida a uma degradação anormal da adrenalina.
Há anos, isolou-se no sangue dos esquizofrénicos uma substância chamada taraxeína. A injecção desta substância provoca perturbações semelhantes à esquizofrenia.

ø Durante experiências realizadas com culturas de cérebro provenientes de esquizofrénicos, isolaram-se anticorpos específicos do cérebro (12 culturas em 14), o que nunca sucedeu com indivíduos sãos. Emitiu-se então a hipótese: o doente segregaria substâncias que atacariam o próprio cérebro, assim como segrega outras para destruir os corpos estranhos.

ø Em ambas as experiências, é a tentativa, dominante nos anos 60, para explicar a esquizofrenia em termos bioquímicos e fisiológicos.

Para os comportamentalistas, entretanto, mais perto de uma concepção causal e ecológica, a cura da esquizofrenia seria de ordem social, atendendo à característica autista da doença.
Considerada, por alguns, sinónimo de doença maníaco-depressiva, houve especialistas que atribuíram mesmo ao isolamento hospitalar do doente o agravamento da doença.
Neurologistas britânicos, holandeses e suecos, em uníssono, proclamaram que o desenrolar da esquizofrenia se deve ao isolamento e não à doença.
As pessoas com défices psíquicos têm que superar um número maior de problemas do quotidiano, do que os seus semelhantes psiquicamente mais robustos. Segundo esta tese, as dificuldades é que transformam, muitas vezes, uma deficiência numa enfermidade.
Nesta linha de ecologia humana, o professor Hans Hippius, professor de Psiquiatria de Munique, sublinhou, em Novembro de 1972, que nos males psiquiátricos sempre co-actuam inclinações individuais, experiências vividas, ambiente social e certos factores patológicos, também nas chamadas psicoses endógenas, portanto nos casos de depressões maníacas ou esquizofrénicas.
Segundo o grau de influência destes factores, o tratamento das psicoses endógenas inclui medidas tanto físicas (medicamentosas), como também psicoterápicas e, sobretudo, medidas sócio terapêuticas.
O trabalho ainda seria, para os psiquiatras alemães, o melhor remédio para os esquizofrénicos...
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Thursday, March 22, 2007

ALARMISMOS 1980

1-4-terror-1> os dossiês do silêncio

TERROR E SUSPENSE EM SESSÕES CONTÍNUAS O AMANHECER DOS VAMPIROS (*)

(*) Publicado no jornal «A Capital», (Crónica do Planeta Terra), 23/3/1980


23/3/1980 - Os grandes dirigentes do Mundo aprenderam com Alfredo Hitchcock, mestre do "suspense", autor de tantos filmes de sucesso que nos fizeram roer a unha até ao sabugo.
Mas o mestre hoje está ultrapassado. As duas superpotências , pelo menos, reafirmam diariamente o seu gosto pelo folhetim de suspense, em que nenhum ingrediente falta.
Quando vejo anunciada fita de Frankenstein, herói da minha infância, já não vou: tenho agora melhor e mais barato, basta ligar Rádio ou TV, basta abrir jornal e o Drácula de caninos pontiagudos surge, em catadupa, no écran, na tele-foto, no tele-filme.
Terror, pois, tenha àvondo com este, quotidiano, escuso de mais peripécias e desastres em estereofonia 60mm.

SESSÃO CONTÍNUA

Fanfarronadas entre grandes potências não cessam, ameaças vão em escalada. Guerra que se veja com mísseis balísticos, porém, estamos à espera. Muita parra e pouca uva, casa daqui, descasa dacoli.
E o filme de "suspense" corre em sessão contínua. Elas andam nisto há qu'anos Todos os dias começa a guerra - terceira e última. Mas nem o pai morre, nem a gente almoça.
Todos os dias vai gente para campos de treino (e concentração). Todos os dias jornais necessitam manchete de 1ª página e agências noticiosas quando não há notícias, inventam.
Qual é, então, o papel do civil nesta brincadeira, neste jogo de vampiros, abutres, chacais e frankensteins, nesta película a cores de sub-Hitchcocks com gripe?

O COMPUTADOR DAS COSTAS LARGAS

Em 8 de Novembro do ano passado, a piada do "falso alarme nuclear", dada por computador, foi tomada a sério mesmo por jornais que não gostam nunca de brincar. Foi considerada, por alguns de má memória, facto sucedido pela 1ª vez.
Mentira.
Recorde-se que as agências noticiosas davam pormenores: o "alerta antecipado" teria provocado a descolagem de 10 caças interceptores, antes que o Pentágono apurasse que o alarme era falso...
Moral deste (mais um) filme de suspense: a fita deu-se, telexs telexaram para que todo a Mundo soubesse que caças descolam da base. E que, tão lépidos, nem sequer dão tempo à malta de escavar os tais abrigos subterrâneos, modelo made in China, URSS ou EUA.
Como a 8 de Novembro se estava no auge da crise dos reféns (outra fita que Hitchcock não precisou rodar) o Pentágono esclarecia que "incidente do computador (avariado) dando alarme falso, era mera coincidência e não tinha nada a ver com reféns... "Qualquer semelhança com figuras da vida real..." - dizem as fitas, no genérico.

ARQUIVOS ACUSAM

Convém lembrar que computador "avaria" sempre que coexistência pacífica esquenta. Recorrendo aos meus arquivos , não era difícil adivinhar em que outra data da história mundial recente a fita do computador embriagado se teria repetido.
Ligámos à crise de Cuba (circuito 8976-LM-.79), no mostrador aparece 1962 e a resposta veio, em segundos.
Dizia ela naquela voz aprendida do Jean Luc Godard (Alphaville)
1) Bernard Lovell, director do observatório de Jodrell Bank, revela em Fevereiro de 1968 (seis anos mais tarde) que um satélite soviético, explodindo em órbita durante a crise de Cuba (1962) fizera os computadores americanos acreditar num "ataque maciço de mísseis continentais".

2) Há alguns anos, o Pentágono recebeu ordem de alerta. O que era, o que não era, radares que cobrem linha de segurança dos E.U. acabavam de assinalar objecto que avançava sobre o País.
Parâmetros do "OVNI" foram comunicados aos computadores de serviço à caserna e a sua resposta veio, categórica: "Objecto detectado pelos feixes electrónicos dos radares é pura o simplesmente a lua..."

3) Em 20 de Fevereiro de 1970 foi dado falso alarme nuclear nos Estados Unidos, devido à distracção de um funcionário do Centro Nacional de Alerta, implantado na cidadela subterrânea (é mania) dos montes Cheyenne ( é etnocídío) do Colorado.
Milhões de americanos pensaram que acabara de rebentar a terceira guerra mundial. Tratava-se, afinal, de erro na manipulação de cartões perfurados....

Destas brincadeiras de computador, ou dos cérebros perfurados que lhe deram "vida", haveria mil lições a tirar. Por agora basta acentuar:
Em cada crise de Cuba, há sempre um computador para o mundo saber que, suspenso, só lhe resta obedecer aos impérios que da nossa vida e sobrevivência decidem;
A infalível tecnologia electrónica falha sempre que haja conveniência nisso e mesmo quando não seja conveniente;
A gente fia-se no computador a acorda...molhado;
A guerra, a dar-se, será como manda a honra da casa: científica.. Mal de nós se computador boceja ou tem qualquer desabafo fisiológico normal. Pode ser o Fim.

Sobre esta brincadeira toda de falsos alarmes que são verdadeiros (e vice-versa) quando convém acirrar a guerra de nervos, mais do que a quente, só resta rir;
A honrosa consolação que nos fica, quando a Humanidade for monte de estrume radioactivo, é que foi a mais alta e sofisticada tecnologia quem comandou operações. Ditosa humanidade que tais computadores tem e cérebros perfurados!

CONSTRUÇÃO ANTI-SÍSMICA

Em crónica passada, tentámos esboçar trabalho de construção (civil) de abrigos anti-atómicos. Construção anti-sísmica também é muito conveniente que venha seminário da UNESCO (OCDE ou CEE) ensinar português valente, pra gente praticar nos fins de semana em que eles brincam aos sismos das bombas deles.
A que iremos nós, hoje, brincar para passar o tempo, distrair das golpadas em que eles, incansáveis, dia a dia mergulham a Humanidade?
Meu jogo preferido é pensar. Peço desculpa, já sei que pensar é entre nós um caso perdido (crime de lesa Pátria), temos os que pensam por nós, exaustivamente, as 48 horas do dia, mas como não sei fazer mais nada, aguento. É como aqueles infelizes que só sabem trabalhar.
De maneira que me divirto, analisando este xadrez em que - dizem abalizados cronistas - as potências continuam "brincando com o fogo". "Fogo dos deuses", com certeza, só esse digno de que tais superimpotências
Mas - e é logo a 1ª coisa que, pensando, não dá pra entender - : se o Fim está por horas, com data marcada na agenda, a que propósito vemos continuar o delírio dos projectos para futuro? Se o Globo dá breve o bafo, porque nos andam a cantar os amanhãs que cantam e a chorar os amanhãs que choram? Porque gastam tanta saliva a dizer que Portugal há-de entrar, custe o que custar, no Mercado em 1983? Que frenética actividade vai por esta jaula de tecno-adivinhos e futurólogos e planistas (bruxos!) de médio-longo prazo, todos a gritar que vamos gastar milhões de megavátios, pelo que rápido é preciso, já, construir centrais nucleares, arrumadinhas à fronteira e claro, em anexo, com vinte assoalhadas, enormes e modernos hospitais para internar os milhões de cancerosos a mais devido à mais valia radioactiva?
Se da guerra ninguém escapa, nem os que carregam o botão fatal, porque andam papás a fazer conta bancária prós filhotes, políticos a dizer que vão salvar pátria finais década 80?

PENSAR E SOFRER...

Se no meio desta "sessão contínua" (Marx chamou-lhe alienação e meteram-lhe os manuscritos da juventude no baú) há bicho que pensa, tem que se interrogar sobre tão toscas, grotescas contradições em que este sistema mundial de correlação de forças entre Blocos - chamado Equilíbrio do Terror - é fértil.
Mas como não ganha nada em perguntar, porque ninguém dá conta das suas incoerências, só (nos) resta brincar, como dizem os ecologistas ao lançar a moda para a próxima Primavera: vai haver grande Festival a 22 e 23 de Março, palavra de ordem (e de honra): BRINCAR É PRECISO.
Mas ainda aqui pensar é doloroso (cronista sofre): porque vemos como esse slogan afinal, revela nosso medo, a lavagem ao cérebro a que, pelo menos desde Descartes, os "civilizados" ficaram sujeitos.
"Só nos resta brincar" é a versão profana pós-anarquista ("Deus morreu" disseram elas... ) do estribilho " Só nos resta rezar" que definia, outrora, a grande perplexidade religiosa face aos vários apocalipses que o Mundo já teve.
Devidamente ateu, o ecologista, hoje, como espectador lúcido da confusão da fusão nuclear, não se atreve a proclamar o slogan eterno "Só resta rezar" e substitui por "Só resta brincar". Vai dar ao mesmo. Acto sagrado por excelência, é quando Sua "Excelência a Criança Brinca”. Se ecologista conseguir a mesma pureza de alma e a mesma Alegria da Criança, pode dizer que brinca, porque está dizendo que reza. É a mesmíssima coisa!
E de facto, se eles premirem a botão da guerra, é o que resta. Rezar. Brincar. Pensar.
Cronista reza, brinca, pensa.

SÓ RESTA REZAR?

Tanta vez vai computador à fonte, que lá quebra a cantarinha.
E se a enfusa quebrar há que tomar medidas .
Segundo os técnicos em Protecção Civil e Defesa do Território, o pânico deve ser evitado. Qualquer dia, vai haver seminário da UNESCO „Como evitar o Pânico a Mascar Amendoim".
A população civil deve civicamente encontrar-se munida de "panómetros”, aparelhos da mais moderna tecnologia para medir o grau de medo que lhe provocará primeiro aviso de ataque atómico.
À falta de computador Geiger, pode ser utilizado termómetro, desses que medem febre em centígrados Fahreneit.
Técnicos da Protecção costumam advertir construtoras para deixar áreas desocupadas junto edificações industriais. Quando uma complexo (uma central nuclear) explode, convém que haja , pela menos, uns cem metros em redor de "zonas verdes" e muito ajardinadas,
Evacuação de eventuais sinistrados (pelo medo, claro, não pelas radiações) é constante nestes manuais que o civil deve ter sempre à mesa de cabeceira, por cima ou por baixo da Bíblia, procurando seguir instruções à risca.
Se contar até 10, evita pânico e as radiações afastam-se como por encanto.
Telefonar para as companhias de seguros (nacionalizadas, nossas) não adianta. Seguras que são, estas tranquilizadoras empresas, não fazem apólices nem para as centrais pacíficas nem para as bombas ainda mais pacíficas.
O melhor é o eleitor prevenido e que, portanto, vale por dois, munir-se de dois monitores, não vá um ficar-se no primeiro ataque a não ter sido previamente vacinado contra as radiações. A ciência prevê tudo e a medicina pensa muito a sério em lançar no mercado a vacina contra radiações.

Governo deve providenciar para que sejam fornecidos rádios portáteis a todas as famílias, que assim armadas poderão transmitir entre si os resultados do totobola e a chegada das primeiras nuvens de radioactividade. Podem mesmo apostar quem vai ficar mais irradiado que o vizinho. Aposta mútua desportiva.
Que diz a malta a isto? Temos ou não protectores?
Vale ou não a pena ser sangue de tanto vampiro que esvoaça, lábil, ao amanhecer? ...

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(*) Publicado no jornal «A Capital», (Crónica do Planeta Terra), 23/3/1980

Wednesday, March 21, 2007

SILÊNCIOS 1980

1-6 - 95-11-24-ah- ac dos projectos - domingo, 9 de Fevereiro de 2003-novo word - 9744 caracteres - ses-1-ses=silencios e silenciamentos

SILÊNCIOS & SILENCIAMENTOS

TEMAS DE NOTÍCIA EM 1980 (ACTUAIS EM 1995)

REGRESSOS AO PAÍS ESQUECIDO
24-11-1995
RECURSOS MINERAIS - A Shell só levará volfrâmio e estanho, a fazer fé no que se tornou público sobre o acordo entre esta multinacional e o Ministro da Indústria, Álvaro Barreto. Quartzo e produtos radioactivos excluem-se do contrato.
2.000 quilómetros quadrados (abrangendo os concelhos de Bragança, Vimioso, Miranda do Douro e Macedo de Cavaleiros ) ficam à disposição da empresa Shell que irá explorar os recursos minerais portugueses.
Tudo isto ou apenas isto foi público em 22/Julho/1980.
Quinze anos volvidos:
Onde está o projecto? Qual o balanço da actividade da Shell? Caducou? Esqueceu? Caiu no silêncio?
Ver semanário «Voz do Povo» e Cronologia AC (22/7/1980)


RECURSOS PETROLÍFEROS - A prospecção petrolífera tem acompanhado os anos subsequentes ao 25 de Abril, com quase tanta persistência e carinho como a senhora do FMI.
Os planos de prospecção inserem-se na vasta lista de «megalomanias» que, de Salazar a Guterres, temos estoicamente suportado e pago, com língua de palmo.
Em 12/Dezembro/1980, por exemplo, a Petrogal voltava à carga com a «prospecção sísmica das jazidas petrolíferas», que ela teima em descbrir: não poupa assim os concelhos de Torres Vedras, Arruda, Sobral, Alenquer, Vila Franca de Xira, Loures, Barreiro e Moita.
O País, ansioso, espera que alguém diga, 15 anos depois, como vão essas prospecções, pois também as pagou do seu bolso.
Continuam? Encontraram petróleo? Está no segredo dos deuses e das multinacionais? Foi só uma prospecção de interesse turístico? Quem guarda este dossier e quem superintende neste plano?


PLANO SIDERÚRGICO E DOURO NAVEGÁVEL - Outro plano grandioso de que nunca mais se disse uma palavra, embora a campanha estivesse no auge em 1980, foi o projecto do Douro navegável. A radioactividade provinda da futura central nuclear de Sayago, a 12 Km de Miranda do Douro, não constituiria nunca impedimento de que o Douro se tornasse navegável e muito menos o facto de o Plano Siderúrgico ter morrido na casca (ou não morreu? Para o bem e para o mal, que é feito do Plano Siderúrgico?).
Nesse ano, Moncorvo teimava e dizia que ia mandar, rio Douro abaixo, o minério de ferro. Segundo um colóquio do IST sobre o Plano Siderúrgico, as mais iminentes autoridades classificaram o projecto Douroviário como uma peluda ficção de cabecinhas louras/loucas.
Pelo silêncio de que tem sido rodeado, ou já está quase pronto para Guterres inaugurar, ou ainda nem sequer foi começado. O que também é notícia.
Adormeceu. Mas deixou acordados muitos portugueses, a gritaria que se fez em 1980 sobre o Douro e sua navegabilidade, plano que vinha na onda de um plano ainda mais vasto e que respeitava à febre chamada «vias rápidas». Com o cavaquismo, venceu o asfalto e o betão armado. Para o bem e para o mal, o betão.
Ver IR, Cronologia 1980 (inéditos e manuscritos de publicados)


INVENTÁRIO DE RECURSOS QUE SE VÃO PERDENDO - Nenhum silêncio é mais tumular do que aquele que se abate sobre os recursos naturais, físicos e humanos, que o chamado desenvolvimento vai destruindo.
Os IPR de 1980 versam, na sua maioria, essa dialéctica: os recursos vivos que vão sendo destruídos por obra e graça do buldozer do progresso.
Um artigo publicado in «Voz do Povo» e «A Capital», tentava inventariar alguns desses recursos em extinção/destruição:
O outro lado da prosperidade vitivinícola do Bombarral, por exemplo, chama-se Rio Real, esgoto pútrido e malcheiroso, incómodo para as populações.
A região de Setúbal, por outro lado, é apontada como exemplo do crescimento urbano e industrial, aquilo a que muitos chamam progresso e desenvolvimento: ora, todo este crescimento teve o alto preço em várias destruições que se podem patentear aos olhos da população:
a Serra da Arrábida roída pela exploração dos cimentos,
o peixe que fugiu do Rio Sado,
as ostras que desapareceram e eram uma pequena indústria local,
o Portinho da Arrábida que sucumbiu à urbanização selvagem;
as Praias do Sado, um mundo de sapais dantes fervilhante de vida, são hoje um pântano de onde ostras, outrora abundantes, desapareceram e onde ainda, apesar de escassas, se conseguem apanhar algumas minhocas;
as mondas químicas frequentes nos arrozais das margens até Alcácer do Sal, têm ocasionado mortandades maciças de peixes, sem falar dos que desapareceram devido à poluição lenta e insidiosa provocada por grandes unidades industriais de celulose, fermentos químicos, adubos, despejando águas para o Rio Sado.
Ninguém duvidava, por exemplo, que as indústrias de Celulose tinham sido um enorme progresso quando começaram a instalar-se: a outra face da prosperidade celulósica é hoje a tragédia ecológica curiosamente mais ignorada deste país: Portugal deve ser o país com maior densidade de eucaliptos plantados e, casos como o da Serra de Ossa - onde, após a plantação de 11 milhões desses «pepinos celulósicos» sumiu toda a água , toda a vida animal e vegetal, todo o povoamento humano e até toda uma antiquíssima herança arqueológica das mais ricas deste país - é apenas um dos mais dramáticos mas não o único.
Os eucaliptais, a água que eles bebem e as alterações que introduzem no ciclo hídrico em particular e no clima em geral, são assim a outra face da tal prosperidade celulósica. Mas não a única: a outra face, a da Poluição, salta bem à vista e ao cheiro:
na Fábrica de Cacia, que em 30 anos transformou o Vouga no rio mais poluído de Portugal
na Celulose do Tejo, em Vila Velha de Ródão, onde não poucas vezes a mortandade maciça de peixes assinala descargas de poluentes para lá dos limites da precaução
em Viana do Castelo, onde os emissários oceânicos apenas se limitam a transferir para mais longe das águas territoriais as descargas poluentes lançadas pelo Celnorte.
Ver o IPR de 13/12/1980, com inventário de vários casos a revisitar

O LITORAL DESDENTADO: UM RECURSO ESQUECIDO - Outro caso de alterações produzidas nos ecossistemas e portanto nos recursos naturais, verifica-se na costa e é exemplo flagrante na Figueira da Foz.
Construído na Barra da foz do Mondego um molhe que protegesse a saída para o mar de barcos de pesca, sempre em perigo por causa do assoreamento dessa barra, eis que, poucos anos volvidos, temos aí um dos fenómenos mais evidentes de desequilíbrio ecológico verificado no litoral português: enquanto o areal da Figueira de Foz, que já Ramalho Ortigão considerava a mais linda praia portuguesa, aumenta de ano para ano, ameaçando chegar ao Brasil, as praias imediatamente ao sul do molhe, como Leirosa, todos os anos vão ficando, a cada maré mais forte, com um bocado a menos, havendo sempre tragédia a lamentar nas invernias.
Mas o assoreamento da barra, que levou à construção do molhe, que por sua vez levou a todas estas alterações da linha do litoral, é apenas o terminus de uma série de problemas e erros acumulados ao longo de quilómetros e de séculos. Entre as muitas causas de assoreamento do Mondego, conta-se a desarborização que se pratica à doida nas encostas da sua margem; os problemas do assoreamento levaram, por sua vez, à grande obra de Hidráulica que em 1980 se chamava regularização do Baixo Mondego.
Onde está mais esse plano? Foi concretizado? Foi suspenso? Regularizou? Silenciou?

ÁGUA: O PREÇO A PAGAR PELA SOFISTICAÇÃO TECNOLÓGICA - No ano de todos os planos, 1980, notou-se mais uma campanha que depois, para o bem e para o mal, caiu no silêncio:
para o Urânio, o grito de guerra era: «lixiviação dos urânios pobres».
igualmente para as pirites, a palavra de guerra era: «tratamento em leito fluidizado».
Mas o preço a pagar, em ambos casos, por esse grande progresso da nossa economia, era , é e será em Água, recurso natural endógeno cada vez mais escasso.
O ano de 1979 foi de gritos de guerra para os carvões:
«A indústria da Alemanha Federal dispõe já da técnica para obter grandes quantidades de gasolina a partir do carvão.»
De que maneira uma tecnologia sofisticada aumenta na mesma proporção os riscos ambientais, nunca é dito. É silenciado.
Portanto, boa matéria de reportagem sobre os «silêncios que falam», continua a ser «as novas tecnologias ao serviço da economia e do progresso».
Ver IPR, Cronologia 5/7/1980

RELAÇÕES LUSO-ESPANHOLAS SEMPRE EM FOCO - No âmbito das relações luso-espanholas, há um episódio que persiste com a maior actualidade, mas que foi silenciado desde 1980.
Nesse ano, mais concretamente à volta de 6/Agosto/1980, desde a então Comissão Nacional do Ambiente, à Secretaria de Estado do (mesmo) Ambiente, passando pelo deputado Sousa Marques, do PCP, na AR (Janeiro de 1980), por um editorial de «O Diário» (5/ Setembro/1979) e por vários artigos de engenheiros e doutores, nomeadamente o Dr. Fernandes Forte e o eng. Frederico de Carvalho, também convictos nuclearistas de esquerda, era considerado «ingerência» nos negócios de Espanha toda e qualquer atitude portuguesa relativamente às 3 centrais nucleares espanholas que poluem ar e águas portugueses.
3 centrais de Espanha que , além do mais, despejam água quente para o Tejo, o Douro e o Guadiana.
Segundo todos esses peritos - que abrangem todas as cores do espectro político - as manifestações de protesto quer de autarquias, quer da União dos Sindicatos de Beja (onde está?) , quer da COLBA (União das Cooperativas Livres do Baixo Alentejo - onde está?) ocorridas em Agosto/Setembro de 1979, estariam a concorrer para um grave conflito diplomático com Espanha(???).
As centrais deixaram de poluir? A situação alterou-se? Está tudo na mesma ou pior? Contribuiria para um novo conflito diplomático perguntar aos espanhóis como nos vão indemnizar destes e de outros prejuízos? Há um tribunal europeu para estas coisas? Ou, a nível de UE, também o silêncio e os silenciamentos são a melhor política?
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SILÊNCIOS & SILENCIAMENTOS

TEMAS DE AMBIENTE, VIDA E ECOLOGIA HUMANA


CANADÁ CONTRA O «BAMG» DO CONCORDE - Em 6/8/1980, era noticiado de que uma lei canadiana proibia os voos supersónicos por cima do território nacional do Canadá.
Companhias como a Air France e a British Airways seriam obrigadas a alterar as suas rotas de voo, afastando-se das costas das duas províncias canadianas - Nova Escócia e Terra Nova - cujos habitantes, há anos, se queixavam, do «bang» incomodativo do «Concorde» sobre as suas cabeças e noites, não os deixando dormir, pondo-os nervosos...
Onde está o «Concorde»? Ainda mexe? Ainda incomoda os habitantes de Nova Escócia e da Terra Nova? O ministro canadiano cedeu ou mostrou firmeza? Qual a represália das duas companhias aéreas?

NASCER CADA VEZ MAIS DIFÍCIL - Para o «dossier maldito» das Bactérias-Antibióticos, mais um episódio: O misterioso vírus que em Agosto de 1980 foi detectado nas maternidades de Lisboa e que foi denunciado na imprensa.
Caiu no esquecimento ou no silêncio? Ou foi silenciado?
De facto, torna-se cada vez mais perigoso nascer em Portugal.
Para lá da esterilização voluntária,
da pílula cor-de-rosa,
do planeamento familiar e de todas as campanhas com ar de progressistas e libertadoras da mulher, falta apontar outros dois factores que desencorajam a fertilidade dos casais: não ter onde habitar e o estado tenebroso que as maternidades atingiram, constituindo mesmo este um caso à parte dentro do panorama também tenebroso dos hospitais em geral.
Ver IR, cronologia 1980 (21/8/1980)

VACINAR O TERCEIRO MUNDO QUE NÃO MERECE MAIS - Tema intrinsecamente relacionado com o anterior, o da vacinação em massa já em1/Dezembro/1980 dava que falar. O director adjunto da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI) proclamava que os habitantes do Terceiro Mundo devem ter cada vez mais acesso a medicamentos e vacinas.
Quinze anos depois, quem vai relacionar esses «cuidados médicos intensivos» com o Vírus do Ebola no Zaire, por exemplo, ou mesmo com o Vírus da sida que se disse, anedoticamente, ter origem no macaco verde do centro africano?
O silêncio sobre as relações entre factos é outro silenciamento em que, jornais e jornalistas, colaboram de boa mente. A falta de memória para o que não interessa lembrar, dá uma grande ajuda.

TEMAS DO SAGRADO

ABORÍGENES CONTRA PROGRESSO - Há episódios exemplares na luta do progresso contra a civilização.
Em12/Agosto/1980, os aborígenes australianos resolveram opor-se à exploração petrolífera que lhes destruía o território e a fonte alimentar.
Segundo o título do jornal «O Dia» (12/8/1980) «superstição australiana embarga a prospecção de poços de petróleo».
De um lado, a Amax Petroleum Company que perfura tudo o que encontra
Do outro lado, os aborígenes do oeste australiano, os aborígenes da região de Noonkanbach (talvez o povo sobrevivente mais antigo do Planeta, herdeiro directo dos antigos deuses), os lagartos gigantes chamados grandes iguanas (iguais aos que existem na América Central, como lembra James Churchward no livro «O Continente Perdido de Mu»), os australianos brancos que apoiam a luta dos indígenas, os pastores protestantes e, enfim, os sindicalistas que também bloquearam o camião pesado que se preparava para as prospecções.
Para a nossa imprensa progressista, tudo isto eram «superstições» de supersticiosos que consideravam «sagrada» esta inóspita região australiana.
Na Austrália, em 12/8/1980, até os sindicalistas são contra a civilização e o progresso da Amax . São uns supersticiosos que ainda acreditam em «terras sagradas».Têm-nos é negros e no sítio.
Note-se que do ponto de vista estritamente alimentar, os gigantescos iguanas servem de alimento aos que vivem nesse remoto monte de Evian, a 3000 Km de Perth, onde está a sede do sindicato que apoiou e apoia a luta dos indígenas.
Uma história a redescobrir, esta dos aborígenes, contemporâneos dos outros aborígenes que fizeram as gravuras do vale do Côa?
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SILÊNCIOS & SILENCIAMENTOS

RECURSOS AGRÍCOLAS - FIGUEIRA E OLIVEIRA: ÁRVORES MALDITAS NA SERRA DE AIRE - Os recursos agrícolas estão impregnados de ideologia. Quando se proclama em relação a uma espécie que deve ser incentivada ou que deve ser arrancada, os argumentos invocados são (aparentemente) técnicos mas o fundo da motivação é ideológica. A soldo da CEE.
Oliveira, Figueira e Milho - eis 3 espécies na mira do Buldozer do «desenvolvimento», rumo à CEE, conforme a reportagem publicada no semanário «Voz do Povo», em 13/11/1980, sobre o Rio Almonda e a região da Serra de Aire.
Espécie concorrente porque mais industrial: o Tomate, a quem são dispensados todos os louvores e desvelos.
«Quando se quer pôr na lista negra uma cultura tradicional , enraizada, própria de um microclima português, secular e ecológica como a Figueira, nas faldas da Serra de Aire, o mecanismo da ideologia desenvolvimentista é clássico: Durante um ano cria-se escassez artificial (e para criar essa escassez, nada melhor do que congelar preços de modo a que os produtores se sintam desencorajados, não só na safra do ano seguinte mas na perspectiva a médio e longo prazo) , pensando eles (pequenos produtores) se vão ou não acabar com as «malditas figueiras» que «só lhes trazem prejuízo». Desde que o produtor esteja monopolizado por um único canal que lhe escoa o produto (neste caso do Figo, a todo-poderosa Administração Geral do Álcool que sucedeu à corporativa Junta Nacional do Vinho ), ou aceita o preço de miséria que lhe pagam, ou perde a produção, ou vai, de urgência, colocá-la em alambiques particulares, onde o Figo é destilado para aguardente ficando o bagaço para alimento de animais.
Daí que os porcos sejam também abundantes ao longo do rio Almonda.
Sob a monumental lavagem ao cérebro com vista à entrada de Portugal na CEE, até as populações agarradas à terra e às coisas da terra começam a desejar que se acabe com a Figueira, mas também com a Oliveira, com o Milho, com a Vinha, etc.
Na mesma reportagem do semanário «Voz do Povo», a «maldição da Oliveira» na Serra de Aire, está também contada em pormenor.
Porque não há-de ser contada, uma a uma, a história das espécies em vias de extinção por vontade da CEE e dos ideólogos ao serviço de?
Ver IR, Cronologia 1980 (diário de inéditos e manuscritos de publicados )

SOBREIRO E AZINHEIRA: MAIS DUAS ESPÉCIES NA MIRA DA CEE - Escrevia-se nessa reportagem no Almonda:
«Enquanto o coração se me oprimia de ouvir, aos próprios naturais da serra de Aire, «cobras e lagartos» contra o Olival, ia-me passando pela memória idênticas invectivas que, pelo meu querido Baixo Alentejo, ouvi contra o Sobreiro e a Azinheira, quando estávamos em pleno império da CUF que lançava então a grande ofensiva para a plantação maciça de Cártamo e Girassol. Os «montados» eram um empecilho. E até a peste suína africana se «inventou» para dizimar o Porco e acabar assim com a principal razão de ser desses montados: serem pouso e comida de grandes varas suínas».
***

RADIAÇÕES 1997

1-2 - 97-11-24-er> ecologia das radiações - sexta-feira, 7 de Março de 2003-novo word - 4992 bytes - isotopo1>

O CERCO DAS RI

Lisboa, 24/11/ 1997 - A protecção contra radiações ionizantes não é um assunto académico e muito menos um assunto adiável.
As radiações vieram para ficar (algumas ficam mesmo milhares de anos...). As radiações estão connosco, cercam-nos, bombardeiam-nos (em sentido literal), agem sobre o núcleo das nossas células, mudam a sua actividade eléctrica (alterando iões), os isótopos alojam-se nos centros endócrinos da sua predilecção.
Uma nova patologia, contemporânea do incremento das radiações ionizantes, está ainda por estudar, por conhecer e até por reconhecer. Muitas das doenças hoje dominantes podem ser causadas por radiações, sem que jamais alguém tenha suspeitado ou querido suspeitar disso.
Se formos ao dentista, é certo e sabido que não nos livramos de mais uma dosezinha de radiações, os raios X da radiografia.
Nunca se sabe, além disso - além da rotina radioactiva - quando as radiações ionizantes nos começam a chover em cima, vindas de algures trazidas pelos ventos benéficos...
Convém estar prevenido (?), se é que é possível prevenir um ataque de radiações, seja porque Chernobyl se repete e reactiva (de vez em quando aparecem notícias pouco tranquilizadoras), seja porque a central espanhola de Almaraz terá finalmente o seu acidente máximo (já tantas vezes ensaiado), seja porque, por via dos ventos internacionais, nunca se sabe quando chegam ao pé de nós emanações dos rebentamentos de bombas termonucleares subterrâneas que a França faz em Muroroa, a ex- URSS faz no Palatinsk, os EUA fazem no deserto do Nevada e a China, ao que parece, faz no Lopnor (?).
Aliás, todos os dias estamos submetidos a um verdadeiro bombardeamento de radiações ionizantes. Sem falar das naturais, que ainda assim a fisiologia humana tolera, temos como fontes de radiação ionizante, mais ou menos ao pé de nós, nada mais nada menos do que (de A a Z):
- Alimentos irradiados
- Aparelhos de Raios X nos consultórios médicos e dentários
- Aparelhos de radiodifusão (microondas)
- Aparelhos de TV ( microondas)
- Cobertores de cama eléctricos (radiação electromagnética - RE)
- Contentores c/ resíduos radioactivos (por terra, mar e ar)
- Écrãs catódicos de televisores e monitores
- Equipamentos de medicina nuclear
- Escapes radioactivos de testes nucleares subterrâneos
- Exames e tratamentos radiológicos
- Explosões atómicas
- Estações de rádio ( radiação electromagnética - RE)
- Fissão nuclear nos reactores (efluentes e resíduos)
- Fontes de água termal
- Fornos eléctricos (microondas )
- Frigoríficos
- Indústrias metalomecânicas e de soldadura
- Inspecção de raios X nos aeroportos
- Instalações de raios X
- Minas de urânio
- Navios de propulsão nuclear
- Oficinas de separação isotópica
- Lâmpadas fluorescentes
- Números luminosos em mostradores de relógios ( rádio mais sulfureto de zinco)
- Precipitações radioactivas de testes nucleares na atmosfera
- Preparação de combustíveis radioactivos
- Radares (microondas)
- Radiografia industrial: refinarias, centrais térmicas, etc.
- Radioscopia nos hospitais
- Radiofotografia
- Reactores nucleares em funcionamento
- Resíduos da fissão nuclear
- Satélites espaciais
- Submarinos nucleares
- Telefones celulares
- Etc

Este cerco justifica que o próximo número da «Beija-Flor» publique um dossiê de aproximação às radiações ionizantes e eventual ou possível profilaxia que poderá ser feita em relação aos isótopos que já temos e aos que nos querem acrescentar: estão neste caso os alimentos, que há muito já devemos estar a comer largamente irradiados sem que ninguém nos tenha dito nada.
***

SILENCIAMENTOS 1995

1-3-Irac- 1>=inéditos de ac revalidáveis

23-11-1995

Gabinete de Ideias

TEMAS DE REPORTAGEM S/ AMBIENTE E PLANEAMENTO

1 - Extermínio de gaivotas nas Berlengas - Autor da ideia: Humberto Rosa, presidente da Associação de Biólogos das Comunidades Europeias - Nada melhor do que um cientista em particular e do que um biólogo em geral para assassinar a vida e verter logo a seguir um enxundioso relatório explicando as razões científicas do assassinato - Pôr a claro e em público as «razões» que assistem ao senhor Rosa para preconizar a matança das Berlengas - Ainda há superpopulação nas Berlengas? - Houve ou não houve holocausto perpetrado por Rosa?
Ver notícias nos jornais de 5/5/1989

2 - Vulnerabilidade do País, nomeadamente Cabo Ruivo (zona de alto risco de Lisboa) ao chamado, pela CEE (15/Maio/1980) «acidente máximo». Falava-se então em legislar sobre. Legislou-se? Quantos acidentes «máximos» se deram entretanto? Quantos são susceptíveis de vir a dar-se?
1979 irá repetir-se? Los Alfaques, Three Mile Island, petroleiros «Tanio» e «Amoco Cadiz», Ixtoc-Um (Golfo do México) são desse ano? Estaremos bem aqui? Poderão vir os bombeiros socorrer-nos, com as obras da Expo 98que estão obstruindo as vias desde 1994?
Que organismo superintende e responde (é responsável) em caso de catástrofe máxima?
(Ver inédito de AC revalidável Nº 2)

3 - Presença de radioactividade no Oceano Atlântico: quando baleias ou golfinhos ou tartarugas gigantes vêm morrer às nossas costas, a notícia dá imagens nos jornais e telejornais. E pronto. Todo o mundo descansa tranquilo. Esses e outros sintomas de poluição petrolífera e radioactiva no Oceano Atlântico são silenciados como é silenciada a presença de altos teores de radioactividade em água do Tejo e, portanto, da Barragem do Castelo do Bode, e portanto da água que abastece Lisboa e arredores.
Mais um silenciamento que todos os dias bebemos das torneiras. Com o proveito que daí se pode deduzir para a chamada «saúde pública», que é sempre, afinal, um conjunto de «saúdes individuais».
(Ver inédito de AC revalidável Nº. 3)

4 - Planeamento de recursos - Outra face dos recursos hídricos: os recursos piscícolas de água doce, os peixes mortos nos rios - Campanha de «mentalização» s/ vantagens da Aquacultura, surge como demagogia que tenta esconder o extermínio de espécies pela poluição industrial - Exemplos dados por França (Centro de Pesquisas) e Canadá (produz salmões por fecundação artificial) entusiasmam os neo-piscicultores portugueses - Novos aviários (de peixes) vão nascer - Enquanto a tecnocracia continua o holocausto das espécies a que chama progresso industrial, a sua aliada Biocracia tenta repor ou fabricar em retorta de laboratório, mercê da Biotecnologia, o que a indústria vai matando - Quando, entre plantas e animais, há mais espécies destruídas do que sobreviventes , a Biocracia anuncia, triunfal,
o Banco de Genes,
os Laboratórios de Melhoramentos de Plantas,
a Aquacultura (a vida em estufa!) ,
a luta biológica contra as pragas,
os enxertos de órgãos e transplantações,
etc.
Indústria da Aquacultura: a outra face do silenciado do biocídio.
Quem responde por mais este silêncio?
Que organismos estão «investigando» a aquacultura?
Algures na Ria de Alvor, projectava-se instalar um centro-piloto: instalou-se ou ficou-se tudo pelas promessas?
(Ver IR4 e IR7)

5 - A Água como problema de carência - Porque não cai do céu - Porque se polui a que existe na terra - Porque se esgota o que se tira do sub-solo - Se de recursos físicos (e nem só humanos) se fala, a destruição das reservas hídricas pela industrialização é o efeito mais óbvio e catastrófico das indústrias que, por sua vez, para laborarem precisam cada vez mais de cada vez mais água limpa . Quando chega a hora da indústria se queixar, é porque as populações já antes nem se queixaram.
Quem responde por mais este silêncio? (Apesar do aparente barulho sobre água a recursos hídricos)
Que organismo? Que Governo? Que técnico?
Exemplo entre outros: só a fábrica de pasta de Celulose da empresa nacionalizada Portucel gasta oito vezes mais água que a cidade de Setúbal.
Ver inédito de AC de 3 páginas - IR5

6 - A classe dos pequenos agricultores - mais um recurso humano em vias de extinção - Não é só o gasoduto que expulsa os pequenos agricultores dos seus lugares - Desde o 25 de Abril de 1974, a campanha contra a pequena agricultura não tem parado de se desenvolver.
Em 1980, as estatísticas da Grécia proclamavam, com grande glória, «um agricultor menos por minuto» (1960-1981).
Quem responde em Portugal, hoje, pelo extermínio de mais esta classe - a dos agricultores?

7 - Biodiversidade - Os recursos vivos vegetais em processo de extinção - Uma notícia de Novembro de 1979 ficou silenciada, apesar de ser decisiva para a sobrevivência da vida sobre o Planeta: Um «banco de genes» para salvar plantas em perigo de extinção vinha nessa altura a ser desenvolvido pelo biólogo Dr. Harold Koopowitz, da Universidade da Califórnia , Irvine, desde 1976.
As espécies vegetais continuam a desaparecer a um ritmo alucinante: ouviram mais alguma notícia sobre o dito «banco de genes»?
Quem responde por este silenciamento?
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que alegremente dava a notícia em Outubro de 1979?

8 - Produz-se ou não se produz Dioxina em Portugal? Antes que o assunto ficasse esclarecido, em 1976 (depois de Seveso) caiu no esquecimento e no silêncio. O jornal «Portugal Hoje» publicou um artigo intitulado «Seveso nunca existiu», parcialmente transcrito na revista «Come e Cala».
No inédito IR8 escrevia AC em 6/Março/1981:
«Se for satisfeita a exigência da federação Europeia dos Sindicatos Agrícolas (EFA) para proibir totalmente nos países do Mercado Comum o pesticida «2-4-5-T», aumentam as probabilidades de vir a ser instalada em Estarreja a fábrica da Triclorofenol» , que é a base de produção de uma série de pesticidas, incluindo o «agente laranja», famoso desde a guerra do Vietname onde os norte-americanos fizeram largo uso dele sobre as populações.»
Inéditas, fatalmente inéditas, ficaram 4 páginas sobre mais este silêncio.
Quem responde, hoje, por mais este silêncio?
Talvez a Quimigal que projectava, em colaboração com a empresa UpJohn, fazer essa instalação em Março de 1981.

9 - Aliás, a UpJohn é incontornável (como hoje se diz) em termos de venenos para o ambiente. Construiu em estarreja a maior e mais moderna fábrica de poliuretanos, sempre com a ajuda amistosa da nossa Quimigal.
Uma das matérias-primas - o Sal - tem que ser importada, porque o Sal foi um dos recursos naturais que a industrialização foi destruindo. Ou então mira-se a Ria de Faro como potencial fornecedor dessa matéria-prima : o namoro estava no auge em 1981. E em Agosto de 1976 diziam os jornais: « Mais de um terço das marinhas na Ria de Aveiro encontram-se abandonadas»
Desde o cloro que os serviços municipais mandam pôr na água de beber até à Dioxina que os americanos jogaram sobre os vietnamitas para os desfolhar, tudo se pode extrir do Sal...
Quem superintende no sal que há e não há?
Quem responde a mais este silêncio?
(Ver IR9)

10 - Praga decorrente da industrialização, é a das indemnizações a dar ou não dar, aos que se querem desalojar dos sítios onde a indústria tem que assentar arraiais - Uma outra forma de destruir recursos humanos - Para calar os vizinhos, cinco companhias aéreas deveriam indemnizar os vizinhos do aeroporto de Roissy-Charles de Gaulle (9/Junho/1982) - Os afectados do século XX

11 - Uma questão de recursos humanos - As doenças do Progresso - Inventário das patologias provocadas pelo chamado «progresso» (crescimento industrial) a que outros chamam «modernização»:
poluição,
pobreza,
assimetrias sociais,
bairros da lata nas periferias,
lumpen-proletariado,
greves,
sub-alojamento,
congestionamento do espaço,
doenças de stress,
alcoolismo,
prostituição,
toxicomania,
delinquência juvenil, etc.

12 - Tanto na berra , em governos socialista e do PSD, caiu num buraco de onde ninguém, dos socialistas, o conseguiu ainda tirar: Veiga Simão, que tanto mandou vir a favor das Celuloses e da central nuclear em Portugal, nunca mais foi visto nem achado na sua meritória campanha.
Silenciou.
Fizeram-lhe o mesmo que ele fez aos 8 projectos de energias alternativas que conseguiu levar da Direcção Geral de Energia para o LNETI e que , um a um, conseguiu fazer abortar, para que nunca mais em Portugal se falasse de energias renováveis.
Quem silenciou este silenciador?
Quem responde por mais este duplo silêncio?
***

GRAAL 1996

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DA TRAVESSA DO FALA SÓ PARA ALGUNS DOS MEUS AMIGOS NESTA PASSAGEM DO DESERTO